TRANSCORPORAÇÃO
Palestra-performance com a Dra. Ingrid Hoelzl, teórica da mídia e diretora artística de General Humanity, Hamburgo, Alemanha; atualmente professora visitante no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Escola de Teatro na UFBA
Convidados para o debate:
Prof. Moises Lino e Silva, Antropólogo, Professor do Departamento de Antropologia e Etnologia na UFBA, iniciado para Orisa Ogiyan no Brasil e na Nigéria.
TBC
Evento de graça, Teatro do Goethe Institut-Salvador, 29 de maio 2024, 19h00
Sinopse
No decorrer da minha pesquisa, Eu/meus Orixás, que estou realizando aqui em Salvador, pesquisando as práticas de incorporação no Candomblé, conversando com iniciados, pesquisadores e estudiosos do assunto, comecei a me perguntar sobre a relação entre espíritos e corpos nas práticas religiosas de uma forma mais ampla: Do que se trata quando se fala em incorporação, reencarnação e encarnação? Juntando teoria ao vivo e vídeo-performance (em e sobre o Orixá-árvore Iroko) sugiro “transcorporação” como um termo termo genérico e um processo mútuo que envolve dois parceiros (humano e divino), ambos em mudança: um torna-se divino; o outro torna-se humano. E há mais: O que acontece no transe é uma transgressão no sentido literal: um ir além do eu, além do sentido comum do eu, em direção a um estado de espírito que é transgressivo de várias formas: transpessoal (um sentimento de ser um com o mundo e já não estar separado do mundo); transgeracional (os antepassados divinizados materializam-se); transcultural (os Orixás podem atuar em pessoas de ascendência africana e não-africana); transgénero (os Orixás podem não corresponder à identidade de sexo/género da pessoa); e transespécie (os Orixás podem tomar aspeito animal, vegetal o elemental, como o árvore Iroko ou o serpente arco-íris Oxumaré).
A provocação é a seguinte: A nossa identidade pessoal sólida e estável, heranca do individualismo moderno, o eu interior mantido pela nossa consciência, empurrando para o lado patogénico qualquer estado alterado ou expandido de consciência, é apenas uma das possíveis transcorporações entre espíritos e mentes. Somos, de facto, transitório múltipla: um nexo de relações sociais, nós de uma migração de anima que só para alguns seres (como os humanos) e só durante um período (da vida biológica) tem dimensões corporais.
Créditos
Financiado pela Freie und Hansestadt Hamburg, Behörde für Kultur und Medien / Referat Internationaler Kulturaustausch.
Em colaboração com o Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia